A Netflix lançou há pouco uma nova série: Adolescência. E está a ser um sucesso internacional gigante. Desde a realização aos temas abordados, esta impõe-se como uma das obras televisivas mais marcantes do nosso tempo. E tanto assim é, que o Primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, já a comentou e abordou numa sessão do Parlamento.
A causa é o tema da série: um adolescente é acusado de assassinar uma colega de escola, e as razões que o levam a isso estão associadas às suas interações e relações na internet. O ambiente violento, tóxico e misógino que aí lhe aparece leva-o a cometer o crime. E é precisamente este ambiente virtual, as ideias e atitudes que aí se encontram, bem como o controlo (ou falta dele) que sobre todo este mundo existe, que saltaram para a discussão parlamentar. O Primeiro-ministro afirmou que "esta violência praticada por jovens, influenciados pelo que veem na Internet, é um problema real. É abominável e temos de o combater".
E isto parece ser exatamente o que os criadores da série pretendiam, uma vez que ainda no início da semana afirmaram-no sem medos: querem que o seu trabalho "provoque discussão e traga mudança". Jack Thorne, criador e argumentista, ainda disse explicitamente: "quero que seja [a série] mostrada nas escolas, quero que seja mostrada no Parlamento. É crucial, porque isto só vai piorar. É algo sobre o qual as pessoas precisam de falar, e espero que o drama possa ajudar nisso". E parece que está mesmo a conseguir.
Questões político-sociais à parte, a série é ainda assim uma pedrada no charco. Altamente apreciada pelo público e elogiada pela crítica, não pára de cativar as audiências, penetrando em todas as conversas. Seja qual for o contexto, desde a pausa no trabalho ao jantar em família, lá surge o assunto e, imediatamente a seguir, os comentários laudatórios à série. Contribuem para isso, além do tema crítico, pesado e tenebroso, o facto de cada episódio ser filmado num único plano-sequência, desenrolando-se em tempo real. Além disso, a atuação do protagonista, Owen Cooper, é notável, e o próprio já foi descrito como um "prodígio" da representação.
É portanto uma série para ver, com entusiasmo, angústia e preocupação.