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Dependência do gás em Portugal para produção de eletricidade tem riscos
Paulo Alexandre Santos

Dependência do gás em Portugal para produção de eletricidade tem riscos

Os alertas constam do Relatório sobre o Estado da União da Energia 2023.

A Comissão Europeia avisou hoje que a dependência de Portugal do gás para produção de eletricidade tem “riscos crescentes” para a segurança energética, piorando com secas extremas, embora garanta uma União Europeia (UE) “bem preparada” para o inverno.

“Apesar da sua reduzida dependência dos fornecimentos de gás da Rússia, Portugal consome a maior parte do seu gás para a produção de eletricidade. A continuação da dependência do gás para a produção de eletricidade pode conduzir a riscos crescentes para a segurança do aprovisionamento de eletricidade, agravados por secas extremas mais frequentes”, refere o executivo comunitário.

Os alertas constam do Relatório sobre o Estado da União da Energia 2023, hoje divulgado, com Bruxelas a defender que, no caso de Portugal, “novos investimentos no fomento das energias renováveis, no financiamento de projetos de eficiência energética e no investimento nas redes contribuiriam para aumentar a resiliência em termos de segurança do aprovisionamento de eletricidade”.

Ainda sobre o país, a Comissão Europeia considera que “Portugal está no bom caminho para transformar o seu sistema energético e acelerar o desenvolvimento das energias renováveis”.

“Em 2021, com uma quota de 32% de energias renováveis no seu cabaz energético e 65% de eletricidade renovável no seu cabaz energético, o sistema energético português é um dos sistemas mais descarbonizados da UE”, observa Bruxelas.

A instituição recorda ainda que, no ano passado, Portugal eliminou completamente o carvão do seu cabaz energético, tendo anunciado que pretende atingir o objetivo de 80% de eletricidade renovável antes do previsto, em 2026 e não em 2030.

Para o conjunto da UE, o executivo comunitário garante que os 27 Estados-membros estão “bem preparados” para garantir segurança energética na estação fria.

“Antes do inverno de 2023-2024, a UE está mais bem preparada para garantir a sua segurança energética, graças a ações bem coordenadas para encher as reservas de gás, à diversificação das rotas e infraestruturas de importação de energia, aos investimentos em energias renováveis e eficiência energética e aos esforços coletivos para reduzir a procura de energia”, elenca a instituição, recordando medidas adotadas no contexto da crise energética acentuada por tensões geopolíticas.

Dados de Bruxelas revelam que as instalações de armazenamento subterrâneo de gás (presentes em alguns Estados-membros, como em Portugal) foram preenchidas até 95% da capacidade antes do inverno de 2022-2023 e estão atualmente mais de 98% cheias.

No Relatório sobre o Estado da União da Energia 2023, é ainda indicado que a UE “respondeu coletiva e eficazmente à agressão da Rússia na Ucrânia e ao armamento do seu aprovisionamento energético, acelerando a transição para as energias limpas, diversificando o aprovisionamento e poupando energia”.

Em concreto, a UE reduziu acentuadamente a sua dependência dos combustíveis fósseis russos ao ter eliminado gradualmente as importações de carvão, reduzindo as importações de petróleo em 90% e as importações de gás, estas últimas de 155 mil milhões de metros cúbicos em 2021 para cerca de 80 mil milhões de metros cúbicos em 2022 e para uma estimativa de 40-45 mil milhões de metros cúbicos em 2023.

Ainda no que toca ao gás, a UE diminuiu em 2022 a procura de gás em mais de 18% em comparação com os cinco anos anteriores, poupando cerca de 53 mil milhões de metros cúbicos de gás.

Agência Lusa