A mãe das gémeas tratadas no Hospital de Santa Maria, em Lisboa, Daniela Martins, garante que nunca contactou o Presidente da Repoública nem o filho, Nuno Rebelo de Sousa, apesar de ter dito "numa conversa informal" que havia "uma rede de influências em que os médicos começaram a receber ordem de cima".
Daniela Martins diz que essa afirmação que fez "é falsa" e, por isso, "pede imensa desculpa a toda a gente de Portugal", sublinhando que errou e que disse algo que não era verdade "por vaidade naquele momento".
Daniela Martins acusa, no entanto, a comunicação social portuguesa de ter "lançado ideias falsas" sobre o processo de atribuição dos medicamentos às suas filhas.
"Houve manipulação e intenção de formar uma história", refere a mãe das gémeas.
Daniela Martins, que está a ser ouvida esta sexta-feira na comissão parlamentar de inquérito sobre o tratamento das meninas, garantiu ainda que a nacionalidade portuguesa das gémeas foi atribuída antes do diagnóstico da doença.
As duas crianças, residentes no Brasil e com nacionalidade portuguesa, receberam o medicamento Zolgensma. Com um custo de dois milhões de euros por pessoa, este fármaco tem como objetivo controlar a propagação da atrofia muscular espinal, uma doença neurodegenerativa.
O caso está ainda a ser investigado pela Procuradoria-Geral da República e a Inspeção-Geral das Atividades em Saúde já concluiu que o acesso à consulta de neuropediatria destas crianças foi ilegal.
Também uma auditoria interna do Hospital Santa Maria concluiu que a marcação de uma primeira consulta hospitalar pela Secretaria de Estado da Saúde foi a única exceção ao cumprimento das regras neste caso.