Ouve a Cidade, faz o download da App.

A controvérsia sobre Emilia Pérez

O filme mais nomeado para os Oscars está a gerar uma grande controvérsia - e até já tem uma resposta.

Emilia Pérez é o filme com mais nomeações para os Oscars de 2025, com 13 nomeações. Mas o filme é também dos mais polémicos do ano, com muito hate nas redes sociais. O filme é um musical sobre um chefe do tráfico de droga mexicano, Juan “Manitas” del Monte, que decide fingir a própria morte e iniciar uma nova vida depois de uma operação de mudança de sexo, tornando-se em Emilia Pérez. Mas e a polémica?

Em primeiro lugar, o filme, que se passa no México, não parece ter o México muito em conta. O elenco só tem uma pessoa mexicana (a atriz Adriana Paz). De resto, o realizador, Jacques Audiard, é francês e a maior parte das filmagens foi feita num estúdio em França. Que Audiard não fale castelhano nem tenha estudado a História do México (por achar que “já sabia o que precisava de saber”) também não ajudou. Acrescente-se a isto que o filme trata um tema sensível para a sociedade mexicana: a guerra entre cartéis que foi e é responsável por milhares de mortos e desaparecidos - e fazer disso um musical acabou por ser muito mal-visto.

O resultado da polémica foi, por um lado, uma insurgência de posts acusatórios nas redes sociais, nomeadamente uma imagem que diz. “É uma humilhação racista e eurocêntrica. Quase 500 mil mortos e França decide fazer um musical. O México odeia ‘Emilia Pérez'”. Por outro lado, artistas mexicanos decidiram vingar-se com uma curta-metragem que parodia a França e os seus hábitos. Chamada Johanne Sacreblu, o filme conta a história de amor de Johanne, herdeira de um produtor de baguetes, e Agtuto Ratatouille, herdeiro de um produtor de croissants. Também este filme é um musical e goza com a sociedade francesa de cima a baixo, não deixando nada por parodiar. Vê aqui o filme.

A polémica também tem que ver com a representação dos direitos LGBTQIA+. A GLAAD (Gay & Lesbian Alliance Against Defamation), diz que o filme “recicla estereótipos, lugares-comuns e clichés sobre pessoas trans”. Além disso, o filme retrata a transição de “Manitas” para Emilia Pérez como uma absolvição dos seus crimes do passado, sem que a sua redenção venha por outra causa qualquer, o que também foi criticado.

Depois de tudo isto, fica a pergunta: como vão os Oscars reagir a esta contestação ao seu filme mais nomeado? Vão ignorar as críticas extra-cinematográficas, ou vão dar razão ao público? Sabê-lo-emos no dia 3 de março.

Outros Destaques