Por mais estranho que possa ser - e é-, até hoje não havia nos Óscares nenhuma regra que parece óbvia para qualquer um: que os jurados de cada categoria vissem de facto os filmes que deviam avaliar. Exatamente, leste bem: não havia em parte alguma dos regulamentos dos prémios uma alínea que obrigasse os jurados a verem os filmes que iam avaliar. E se isto parece ridículo - como se pode julgar um filme que não se viu? - é porque de facto o é. E até a Academia o reconheceu. É por isso que já a partir da próxima edição dos prémios, a de 2026, vai entrar em vigor uma nova (e muito óbvia, mesmo, mesmo óbvia) regra: que os jurados tenham a obrigação de ver os filmes nomeados para as categorias em que votarão.
Ao que parece, até este ano bastava afirmar que tinham assistido aos filmes - e, na prática, muitas das produções ficavam por ver, e a decisão dos jurados baseava-se mais em popularidade do que em qualidade cinematográfica. Aliás, apenas os grandes estúdios com trabalhos nomeados para "Melhor filme" organizavam eventos de visualização dos seus filmes, o que acabava por influenciar o acesso dos jurados aos diferentes projetos.
Embora não se saiba ainda como a Academia tenciona monitorizar a visualização (ou falta dela) por parte de cada membro do júri, algumas ideias estão em cima da mesa, como o preenchimento de formulários ou o uso de uma plataforma de streaming reservada aos membros da Academia.
Além desta, uma outra regra que entrará em vigor diz respeito ao uso da inteligência artificial. Depois de alguns escândalos nos filmes O Brutalista e Emilia Pérez, a decisão foi a seguinte: o uso desta tecnologia (ou outras semelhantes) "não ajuda nem prejudica as hipóteses de obter uma nomeação". E acrescenta que "a Academia e cada área julgarão a atuação tendo em conta que lugar ocupa o ser humano no coração da criação ao escolher o filme que será premiado". Ou seja, pode-se usar IA à vontade, mas o que é tido em conta é mesmo o fator de humanidade em cada filme.